Entrar e sair do Capítulo Nono de O Processo — Um Fio de Ariana Interpretativo

sábado, 1 de setembro de 2007

7. UM TEXTO ESFÍNGICO

A minha primeira leitura de O Processo, algures pelos meados do ano de 2003, foi evidentemente marcante, pois ali tudo ― tom e universo ― era novo, na medida em que o texto fazia sofrer e não me era fornecida qualquer âncora válida, um ponto de referência a que aportar conclusões e sentidos ou provisórios ou definitivos. O tormento da personagem principal, longe de cessar ou ser mitigado, vai-se intensificando: a esperança e o ânimo da reacção inicial de Josef K., o acusado, primeiramente marcadas por alguma sobranceria e autoconfiança, vão morrendo, ao mesmo tempo que esse estigma, inexplicado e inexplicável, manifesto em cada abordagem e em todos os olhares, impregna-lhe a pouco e pouco todas as fibras do ser, diminuindo-o, sub-humanizando-o.

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